Oi Filoteu!
Páscoa! Uma grande corrida para o túmulo nos é narrada pelo Evangelho. Simão Pedro é o primaz, o que está à frente e recebeu o poder das chaves, não porque seja melhor que os outros ou porque seja mais virtuoso. Nada disso! Simplesmente porque o Senhor Jesus o escolheu para tal. Com Pedro, corria João que fez, a meu ver, a mais bela e importante descoberta em termos de compreensão do mais belo e importante na vida: ser um discípulo amado. Amado com gratuidade e sem merecer esse amor. Discípulo também por dom também gratuito, por um chamado por parte de Mestre.
Maria, a Madalena, que antecipa tudo com seu grande amor procurando o amor de sua alma que é Jesus, vai ao túmulo de madrugada. Não pode viver sem ele! E, ante as evidências do sepulcro vazio, vive uma forte experiência que a impulsiona por dentro e a faz buscar o príncipe dos apóstolos. Sua mensagem ainda não é um anúncio, como o texto nas entrelinhas dá a entender. É apenas uma constatação alarmada de um túmulo vazio.
Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram (Jo 20, 2).
Os dois correm juntos, mas o discípulo amado chega primeiro ao túmulo. Com certeza, porque é mais jovem e pode correr mais e com maior velocidade. Correr, neste caso, não é competição. É desejo de um encontro. Talvez seja apenas uma ofegante e ansiosa curiosidade o que não significa necessariamente dar passos para crer na ressurreição. João chega primeiro a meu ver por ser o discípulo amado, por ser aquele que reclinou o rosto no peito do Divino Salvador, porque esteve junto da cruz. Quem sabe, estava pronto para acolher mais rápido o mistério do sepulcro vazio que Pedro o qual negou Jesus três vezes, andou se rebelando contra a ideia de Jesus ser entregue nas mãos dos pecadores e sofrer a paixão. Entretanto, Ele foi o escolhido! Ele é o primaz! Ele recebeu as chaves do Reino dos céus! Ele é Pedro, a pedra que vem de Cristo, pedra angular! Assim sendo, João não ousa entrar primeiro no túmulo. Cabe ao chefe da Igreja que nascerá, olhar, constatar os sinais oferecidos pelo sepulcro vazio. Assim também nós! Precisamos caminhar com a Igreja, com o papa, com o bispo da diocese em que Deus nos enviou a evangelizar e servir. Não faremos nada sem eles, cabe a eles oferecer-nos as coordenadas para sermos as testemunhas da ressurreição do Senhor. Por eles, o Senhor nos guiará! São mediações que nos introduzem na vontade de Deus.
Não são meros detalhes! João "viu e acreditou" (Jo 20, 8). Acreditou porque vive a fé de uma Igreja ainda insipiente, iniciante, com passos trôpegos ante as evidências da ressurreição, mas vive na Igreja e com ela evangeliza e com ela, nela busca a verdade. Dá passos na sincronia e na harmonia eclesial. De fato, diz ainda o apóstolo "eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos" (Jo 20, 9). Por isso, caro Filoteu, permaneçamos firmes na meditação das Escrituras, deixemos o Senhor nos formar, iluminar por elas. Com certeza, daremos passos e encontraremos o Senhor que abrirá nossos olhos e aquecerá o nosso coração quando Ele mesmo por meio de seu Espírito nos revelar a verdade.
Boa continuação de festas pascais para ti!