Oi Filoteu!
Hoje, a liturgia apresenta-nos Maria como rainha. Uma memória litúrgica instituída pelo papa Pio XII em 1955.
Bem, quando se pensa em realeza, logo vem à mente a nobreza, muita riqueza, esplendor, glamour e tanta badalação, palácios e fofocas a respeito dos príncipes e reis, rainhas e princesas, condes, duques e toda a corte de suas majestades.
Esta rainha de que falo, com certeza vive uma realeza muito diferente do que se entende como ser rei aos moldes das monarquias humanas. De fato, a realeza da Virgem de Nazaré brota da realeza e suprema soberania de seu Filho muito amado, Verbo eterno que é Deus com o Pai e o Espírito Santo. Bem, mais soberania que isso não há! Além do quê, penso muito ao tipo de realeza que Jesus viveu.
Encarnou-se e, com certeza, isso já foi grande humilhação. Assumir nossa pobre e sofrida carne é algo impensável, admirável para um Deus. Nasceu pobre na gruta de Belém, viveu como estrangeiro no Egito para fugir da fúria do ímpio Herodes. Voltando para Israel, foi residir em Nazaré, lugarejo desprezível, insignificante, perdido no mapa. E lá, viveu como um pobre carpinteiro, ganhando o pão com o suor de seu rosto. Não me consta que Jesus em sua vida tenha feito milagres para tornar a própria vida mais fácil ou mais cômoda. Terminado este tempo, lá vai o Senhor para sua revelação pública, em meio às incompreensões ou durezas, lentidões de todo lado: dos discípulos, das lideranças religiosas, das multidões que nem sempre colaboravam e não raramente perturbavam, criavam obstáculos para que a obra de Deus se realizasse em Jesus. Na sua vida pública o Mestre divino não tinha onde reclinar a cabeça. Condenado à morte, viveu uma humilhante paixão culminando com a morte de cruz. Na cabeça, uma coroa de espinhos (eis a imagem ou visão que tinham desse rei). E morto, foi posto em um sepulcro emprestado. Eis o rei todo poderoso.
Sua mensagem nos remete a um conceito de pobreza, humildade, simplicidade extremas. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro, não fazer o bem para aparecer mas viver o bem de forma oculta. No caso de fazer o bem para edificar os outros que seja para a glória de Deus. Os mansos, humildes e pobres, os promotores da fé, os puros e misericordiosos, os perseguidos por causa da justiça e do Reino, estes é que são felizes. No entanto, tem algo no rei que é fantástico e diretamente ligado ao reino: o serviço. O Grande Soberano disse que "o maior entre vós é aquele que serve". Isso aí! Não é aquele que manda ou aquele que controla, oprime ou se projeta, detendo o poder. É quem se coloca a serviço dos outros.
E a rainha, bem antes do rei ter ensinado tudo isso se autoproclamou "a serva do Senhor". Parece que já antecipou o que o rei pensava de sua realeza. Eis a soberana, a mãe e senhora.
Um abraço para ti, caro Filoteu de Betânia, membro da família real dos servos por amor.