O POVO QUE JAZIA NAS TREVAS VIU UMA GRANDE LUZ!

  
 Oi Filoteu!

   (não esqueça que dizer oi é melhor que dizer ai!)

   Do texto de Mt 4, 12-17.23-25, pensei um bocado sobre a grande mensagem que nos trás. Uma promessa foi feita a nós. Mateus, que escreve o seu evangelho para os judeus, faz várias citações do antigo testemento. Não é a toa, pois, a Palavra de Deus é um todo, e a antiga aliança tem seu importante papel no "pacote completo" da revelação. Bem, voltemos: o ex-publicano, cita Isaías, profeta que acompanhou assiduamente a liturgia da Igreja nestes tempos de advento e de natal. Eis o que diz o profeta:

"Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galiléia das Nações! O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz;aos que jaziam na região sombria da morte, surgiu uma luz" (Is 8,23-9,1; Mt 4, 15-16).

   Diz o evangelista que Jesus começou a pregar. E o conteúdo da pregação, qual foi? "arrependei-vos porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4, 17). Arrepender-se de que? Pra quê? Arrepender-se de tudo aquilo que impede o cristão aderir generosa e incondicionalmente aos apelos do Senhor em prol da construção do Seu Reino, aderir ao projeto de salvação que passa necessariamente por uma mudança de mentalidade, para construir, na luz da boa notícia de Jesus, um novo horizonte de sentido, um novo modo de olhar o mundo, as coisas, as pessoas, os acontecimentos. O Reino é uma meta preciosa, é um verdadeiro sol onde os filhos da luz devem orbitar, não por uma imposição, mas acolhendo o magnetismo próprio deste Reino. Pensa só na atração que os pais têm para com seus filhos ou dos namorados ou esposos apaixonados sentem um pelo outro! Não há imposição, mas uma atração que vai fazendo acontecer a partilha de vida que brota de um grande amor. Ora, Deus reina e submeter-se a essa soberania divina constitui, efetiva e afetivamente, viver o encontro de duas liberdades: a de Deus, infinita e eterna e a minha (a tua, a nossa), em processo de amadurecimento e construção. Uma liberdade que, ao aderir a Deus e sua vontade (não dá pra separar Deus da vontade dele), somente se aprofunda, se refina, vive uma qualificação e um enriquecimento iniqualável.

     Jesus é apresentado pelo profeta citado por Mateus como a Luz que brilha. Jesus mesmo afirmou: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8, 12). São João, no início do seu evangelho afirma: "e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam. (...). O Verbo era a verdadeira luz que ilumina todo homem;" (Jo 1, 5.9a). Nesse sentido, a luz que brilha nos ajuda a entender o quanto a revelação de Deus na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo faz uma diferença e nos permite de enxergar as coisas assim como as coisas são. Quando se está na escuridão, a caminhada é lenta, insegura, medem-se os passos, o medo é um guia perigoso. Nem sei se tem caminhada se a escuridão tomou conta da situação! Já pensaste nisso, Filoteu?

    E daí, Jesus parte fazendo curas físicas. Com certeza,necessárias, expressão do poder divino agindo nele e por meio dele pois Ele é Deus com o Pai e o Espírito Santo. Ora, é bom lembrar que a cura das curas, sem diminuir a cura física, é uma vontade humana que acolhe a vontade de Deus e faz dela sua também. É aquilo que um certo santo disse: "O que Deus quer, eu quero também".

   

Termino com uma historinha:

     Um certo jovem fez uma longa viagem para encontrar um mestre na vida de oração e nos caminhos de Deus. Para tanto atravessou rios e mares,montanhas e desertos. Ficou feliz ao encontrar o staretz (o mestre). Logo que o encontrou, feita a reverência, indagou-lhe:

   - Mestre o que é milagre?

   O Mestre passou a mão na longa barba branca e fixando longamente o olhar sobre o jovem mancebo, respondeu-lhe "na lata":

   - Meu caro,entre nós e vós existe uma grande diferença a respeito do que seja milagre. Entre vós, milagre é quando Deus faz a vontade de alguém. Aqui entre nós, milagre, é quando alguém faz a vontade de Deus.

   Que esse tão necessário milagre aconteça na tua vida!

    Um abraço e bênção,

    Pe. Marcos.