Hoje celebramos a solenidade da Epifania, isto é, a manifestação. Jesus se manifesta aos pagãos, representandos nos magos. Os magos foram ao encontro do Rei cuja estrela viram no oriente. Vieram trazer seus presentes e prestar-lhe homenagens. Os magos não faziam parte da raça de Israel. A esse respeito, poderemos dizer com Paulo: "os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho" (Ef 3, 6). Quem eram eles? Sábios, provavelmente vindos da Pérsia.
Eles observavam uma estrela cujo brilho os intrigava e maravilhava. Com efeito, estava ela a indicar a chegada de alguém importante. Era preciso segui-la. São Leão Magno, papa e doutor que viveu no século V, afirma: "Como sabemos, tudo isto se realizou quando os três Magos, chamados de seu longínquo país, foram conduzidos por uma estrela, para irem conhecer e adorar o Rei do céu e da terra. O serviço prestado por esta estrela nos convida a imitar sua obediência, isto é, servir com todas as forças essa graça que nos chama todos a Cristo".
Fico a pensar nessa estrela. Um astro, lança luzes, orienta, conduz, dá uma direção. Assim foi com os magos, assim fazem as aves migratórias, assim faziam os antigos navegadores e viajantes. Pensei na quantidade de estrelas o Senhor em sua bondade nos concedeu para que o encontremos. A Eucaristia, a Sagrada Escritura, os Sacramentos da Igreja, os Pastores que Deus colocou à nossa frente, as pessoas que somos chamados a servir, os acontecimentos, etc, etc, etc. Bem, para quem quiser ver e quem deixar Deus mostrar, as estrelas não são poucas. São meios pelos quais poderemos chegar ao Rei que chegou. Caro Filoteu, somos também nós chamados a ser estrelas. O que? Calma, fica tu tranquilo. Não é viver um estrelismo cheio de egoísmo, vaidade, exibicionismo e narcisismo. Não é querer ser o centro e abafar, acontecer e ser o tchan tchan tchan tchan. Entendeu?!? Não é nada disso. Ser estrela, neste caso, significa ser testemunha de uma verdade, de uma Pessoa, ser um facilitador de um encontro, ser luz para levar até à verdadeira LUZ. E depois, desaparecer.
Depois que os Magos viram a estrela, sentiram uma grande alegria. Será que tu, evangelizador, geras alegria nos corações? E quando entraram na casa, viram o menino com Maria sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Não ficaram presos à estrela. Poxa vida! Adoraram o Menino. Adorar é culto prestado somente a Deus. O gesto fala de um reconhecimento da divindade. As pessoas querem ver Cristo na vida do evangelizador. Nos braços de Maria, encontraram Jesus, na vida do evangelizador, as pessoas querem viver esse encontro. Para isso nós nascemos, vivemos e existimos. Adorar a Deus! Nascemos para adorá-lo eternamente no céu! Que beleza! Mas, qual adoração Deus espera de nós? Adorá-lo em espírito e verdade (Jo 4, 23). Não é uma adoração vaga, vazia, ritualista. É algo que brota de dentro, é o reconhecimento de uma verdade! Ele é Deus e nós não somos Deus! Parece óbvio, mas na prática, nem sempre é! Os riscos de adorar ou endeusar pessoas, coisas, projetos e planos, seguranças humanas, saberes e conhecimentos, prestígios, instituições, estes são riscos sempre muito grandes.
Deixo a palavra ao grande pregador, São Pedro Crisólogo, bispo que viveu no V século: "Hoje os magos contemplam maravilhados no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe seus místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que haveria de morrer".
Seja uma estrela, Filoteu, seja mais uma vez e sempre como Maria. As pessoas esperam....
Um abraço e bênção.
Pe. Marcos.