Oi Filoteu!
Neste IV domingo da Quaresma, a Palavra de Deus nos sugere uma reflexão importante. Vamos ao texto.
14. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,.
15. para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.
16. Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
17. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.
18. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus.
19. Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.
20. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
21. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus
A Palavra de Deus hoje nos propõe um diálogo cheio de uma riqueza de salvação, riqueza essa que passa pela riqueza do mistério de Cristo Jesus, o Salvador. Ora, foi por sua morte, um evento histórico de grande importância para a realização do projeto de salvação do Pai. A morte de Jesus na cruz tem não só um significado, mas um efeito de grande eficácia. Para quem crê, não se tem uma salvação de venenos de cobras, como foi o caso dos israelitas no deserto, mas somos libertados do veneno do pecado, o pior veneno que existe. Os israelitas olhavam para a serpente na haste e ficavam curados. Os cristãos que aderem a Cristo pela fé, lançam aquele olhar de confiança e de amor e com certeza receberão a cura e se reconciliarão com o Pai. Esse olhar, está longe de ser APENAS uma mera experiência emocional, daquelas de arrepios e lágrimas (nada contra isso!!! - só não dá é viver na dependência disso!!!! isto é, das emoções). Trata-se de uma experiência de FÉ, de uma partilha de vida, de uma adesão generosa, incondicional e radical ao Deus que se revela em Jesus Cristo e revela seu amor total na cruz. A morte de Jesus não é uma fatalidade histórica meramente, não é apenas um resultado de um conchavo político desastroso e cheio de maldades e covardias sem fim, mas constitui o evento de salvação. Deus poupou o filho de Abraão do sacrifício (ver Gn 22, 2-12), mas não poupou seu Filho Unigênito. O grande amor de Deus fez isso! O amor misericordioso de Deus fez isso!!!! O desejo que Deus tem de salvar o mundo é maior que o pecado do mundo todo.
Entretanto, a resposta de quem crê é muito importante. Se a fé é um dom, nos dirá Paulo que ela é também resposta, mas uma resposta que, amparada pela graça, não é fonte de presunção ou vanglória por parte do crente (Ef 2, 4-10):
4. Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou,
5. quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos! -,
6. juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus.
7. Ele demonstrou assim pelos séculos futuros a imensidão das riquezas de sua graça, pela bondade que tem para conosco, em Jesus Cristo.
8. Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus.
9. Não provém das obras, para que ninguém se glorie.
10. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos
Fomos criados em Cristo para fazer o bem, um bem que brota da oferta desse mesmo salvador e senhor lá na cruz. A vida eterna a que São João s refere no seu texto é sinônimo de Reino de Deus. Trata-se de um dom de Deus, não fruto específico de uma conquista pessoal. Claro, a resposta irá comportar a dedicação, a mudança e aí com certeza o indivíduo fará sua parte, mas é preciso deixar claro a dimensão forte de gratuidade desse Reino em nossa vida, na vida da Igreja.
São João joga muito com os termos: aproximar-se da luz ou afastar-se dela. Aqui não precisa muita explicação: a luz mostra a verdade! A luz mostram as coisas como elas são. Por isso, quem vive na verdade, na transparência, quem não vive o jogo das máscaras ou das aparências não tem do que se envergonhar. Este ama a luz! Acho que essas afirmações nos colocam diante da nossa verdade! É preciso que cada um investigue a própria consciência e tire suas conclusões o mais honestamente que puder: vivo eu sob a luz libertadora de Deus ou me escondo nas trevas da minha ilusão ou das minhas representações?
Um abraço pra você Filoteu!