Olá Filoteu!
Ontem, 24 de maio, celebramos uma memória da Virgem Maria. Diga-se de
passagem, muito cara para mim. Um título inspirador: Auxiliadora. Não somente porque a paróquia da minha infância era de salesianos e a universidade onde estudei também era. Os salesianos foram fundados por São João Bosco que amava profundamente Nossa Senhora, especialmente com esse título. Este título e essa imagem me parecem sugestivos por trazerem uma série de informações e significados sobre Maria que sempre me tocaram e falaram por si.
Conforme a imagem, Nossa Senhora se apresenta como uma rainha. Coroada e com cetro na mão esquerda. No braço direito, também coroado, o pequeno rei, o Senhor Jesus, encontra abrigo e tem naquele braço, por assim dizer o seu trono, onde, de braços abertos, parece entregar-se, revelar-se a quem tiver abertura de acolhê-lo. Gosto de pensar em Maria assim, como foi descrito!
Fico feliz por ver a Mãe de Deus em trajes de rainha. Gosto de vê-la soberana. Parece um contra-senso representar a mulher pobre e simples de Nazaré com aquele visual, logo ela, mulher do povo e da classe operária. Dona de casa, um alguém simples e oculto em seu silêncio e discrição. Mas, Nosso Senhor afirmou que o maior entre os seus discípulos é aquele que serve (Mt 23, 11). Ora, antes disso, por ocasião da anunciação do Anjo, ao dizer o seu faça-se, Nossa Senhora proclamou-se “a serva do Senhor” (Lc 1, 38). E disse também que nela se cumprisse conforme foi dito pelo anjo (ibidem). No episódio da visitação, a mãe de Jesus, portando-o no seu ventre, se apresenta como a mulher servidora, mas um serviço que tem uma peculiar conotação de alguém que leva o mistério dentro de si, um alguém que não se contenta em ter o Senhor somente para si. Um serviço evangelizador, um serviço que se liga intimamente à revelação do mistério. Ela que viveu a serviço da Palavra, acolheu a Palavra no seu ventre, sendo que, antes, já o acolhera em seu coração. E isso a enalteceu muito. Maria não se ilude e não se engana, nem mesmo vive uma falsa modéstia omitindo o muito que Deus fez nela e através dela na vida de cada um de nós. Por isso, em alto e bom tom, ela proclama: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 48-49). Percebeste Filoteu? Ela reconhece a grandeza do dom, mas também deixa claro que vem de Deus. É como se dissesse: Por mim mesma, eu nada sou, mas o que Deus fez em mim é tão maravilhoso que realmente vou ser reconhecida como uma pessoa feliz, abençoada. E por quem? Ora, por todos os povos, por todas as gerações. E essa verdade se toca com os fatos. O amor que a gente simples tem por ela, a receptividade da devoção mariana através dos tempos permanece, apensar de tantas mudanças vividas pelo mundo e pela história humana.
Olha bem: reconhecer as coisas grandes que Deus fez em Maria é, na verdade, reconhecer a grandeza dos dons de Deus. Significa louvá-lo, glorificá-lo. Precisamos, aprender como Maria, a reconhecer os imensos benefícios que Deus nos concedeu e reconhecer que Ele por nós fez maravilhas. Que os outros reconheçam que Deus fez por nós grandes coisas deve ser considerado algo por assim dizer “normal”. Reconhecer isso, deveria ser uma necessidade de louvor a Deus, fonte e origem de todos os dons e todo bem. Deus será glorificado! Isso eleva a auto-estima, mas não a vaidade ou a presunção. Trata-se de abraçar uma verdade que liberta, salva, enaltece no bom sentido da palavra. Ora, junto com o louvor, com certeza existe também a exigência da responsabilidade na correta e justa administração do talento, da graça concedida pelo Senhor.
Voltemos para a Auxiliadora. Esse título, auxílio dos cristãos, foi dado por ocasião da libertação do papa Pio VII que viveu apuros e vexames de todo tipo com o autoritarismo de Napoleão Bonaparte, monarca francês.Este pôs o papa na prisão. O retorno do pontífice a Roma aos 24 de maio, fez surgir o reconhecimento desse belo título dado a Maria que auxiliou o seu servo, sucessor de Pedro, libertando-o da prisão.
São João Bosco, fundador dos salesianos, teve para com Maria um afeto todo
particular. A ela, confiou as suas obras, sua missão e sua vida. Dizia ele com grande afeto: “Foi ela (Maria) quem fez tudo”. Penso na imagem de Maria auxiliadora que Dom Bosco teve em um sonho. Uma mulher de belos e longos cabelos que lhe desciam aos ombros. Uma coroa, trajes de rainha e um cetro na mão; o menino Jesus em seu braço direito também ele coroado. Voltemos ao questionamento: Mas, não era ela uma mulher do povo? Com certeza. Mas, pensemos que toda essa realeza se dá não somente porque estamos diante da Mãe do Rei, mas porque para Jesus, reinar é servir. E Maria foi uma servidora, por excelência, e por isso mesmo, é rainha.
Pensei, uma certa feita, no seguinte. Também eu, quero, em forma de criança, pôr-me nos braços de Maria. Em um braço está Jesus e no outro estarei eu. Estou sentado no braço onde tem um cetro que é símbolo do poder de Deus, símbolo da autoridade divina que o Todo-Poderoso partilhou com grande generosidade com sua santa Mãe. E lá, segurando naquele cetro do poder divino, contemplando o Menino Jesus que está no outro braço, vi-me em uma situação onde a confiança filial poderia fazer algo de bom acontecer, em mim e por meio de mim na vida de quem o Senhor puser no meu caminho. Se o Senhor se entregou daquela forma à Maria, creio que podemos ousar seguir o seu exemplo, e pôr-nos também sob sua proteção e clamar seu auxílio. Não foi por nada que São Bernardo, o grande devoto da Virgem, que viveu no século XI, afirmou: “O filho de Maria jamais perecerá”.
Maria, auxílio dos cristãos, rogai por nós!
Um abraço e bênção para ti, Filoteu.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
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