"A solidez e a firmeza da verdade de Cristo se enche de doçura da doação de um Deus que é só Amor!”
(Pe Marcos Chagas)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A páscoa: a busca, o encontro e a ressurreição!

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Oi Filoteu!

Páscoa! Passagem! Liberdade! Alegria da vitória de quem venceu a morte e vive glorioso. Para celebrar esse feliz acontecimento, deixo essa reflexão na postagem que segue abaixo.




Bem cedo, vai Madalena procurar Jesus (Jo 20, 1-3). Eis a atitude do verdadeiro discípulo; a propósito, convém lembrar que as pessoas se definem muito pelas atitudes que assumem, pelas opções que fazem. Perguntar-se seriamente sobre as prioridades assumidas, constitui um ponto de referência importante para que o projeto de Deus aconteça, dentro da esfera de fazer-nos ressuscitados. A pedra tinha sido tirada do túmulo que estava vazio, expressa um bendito vazio. Como é que as pessoas, eu, você, eles, nós, vós, todos, compreendemos ou interpretamos ou acolhemos o túmulo vazio? Qual a repercussão deste vazio em nossas vidas? Em que e como este fato tem mudado ou ela pode mudar? Só o discípulo, aos moldes de Madalena pode compreender mais, viver mais, exatamente por buscar insistentemente. O Senhor se deixa encontrar por aqueles que o buscam. Deixam-se encontrar aqueles que se deixam encantar! Aliás, Nosso Senhor já se antecipou, vindo em busca dos que Ele ama. A iniciativa é sempre dele.


Maria Madalena nos fala, por si mesma, em suas atitudes, do grande desejo de ter Jesus, de segui-lo, de estar sempre com seu Mestre. Uma impressionante escuridão essa que essa mulher viveu. O velar-se e desvelar-se de Deus são um grande mistério e nos ultrapassa infinitamente. Jesus disse a Marta: "Eu sou a ressurreição, Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá" (Jo 11, 25-26). Uma ressurreição que é dom e é busca. Precisamos afiar e afinar cada vez mais nossa capacidade de querer, desejar. E, tal querer, vai sempre no rumo e prumo dado por Deus. Não há outro meio de aderir ao divino querer, nem aos divinos desígnios, a não ser a confiança e o abandono. O doutor místico ensina: "Os passos e pisadas que Deus vai dando nas almas, quando as quer unir a si, engrandecendo-as na união de sua Sabedoria, têm a propriedade de não serem conhecidos". São João da Cruz, no seu Cântico Espiritual declama com grande ardor lírico:

,

Onde é que te escondeste,
Amado, e me deixaste com gemido?
Como o cervo fugiste,
Havendo-me ferido;
Saí, por ti clamando e era já ido.

Pastores que subistes
Além, pelas malhadas, ao Outeiro,
Se, porventura, virdes
Aquele a quem mais quero,
Dizei-lhe que adoeço, peno e morro.

Mas, esse crer e aderir, com certeza desembocará fortemente em ressurreição. A busca não é vã. A procura não é inútil. "A esperança não decepciona" (Rm 5,5),disse o apóstolo. E Jesus mesmo arremata: "Não te disse se tu creres verás a glória de Deus?" (Jo 11, 40). Madalena é a verdadeira alma esposa do Cântico dos Cânticos que sai de noite à procura do amado e não o encontra. Sai pelas ruas e praças, encontra os guardas que rondam a cidade e passando por eles, encontra o amado da sua alma, ou seja, Jesus. "Agarrei-o e não vou soltá-lo", diz a amada (ver Ct 3, 1-5).


João corre mais que Pedro, mas não entrou no túmulo. Esperou por quem detém as chaves, o primaz, feito chefe e pedra por livre escolha do Mestre. Interessante: por mais que haja pessoas que descubram o querer de Deus, as indicações do Espírito com mais antecedência e perspicácia que os pastores legitimamente constituídos pelo Senhor, a indicação é esperar por estes pastores, por sua orientação, pela captação destes mesmos sinais. Não caminhar na frente dos pastores, mas com eles, ajudá-los sem dúvida, contribuir no discernimento e na acolhida dos sinais de Deus, mas, caminhar com eles. O cenário do túmulo é marcado pelo vazio: Ele não está lá. O grande Ator não está no palco, pois seu palco agora é outro. Ele é ator que age, não é ator que representa. Ele é fiel e verdadeiro. Ele não está no túmulo; no entanto, deixou sinais de que a sua ressurreição aconteceu. A delicadeza do pano enrolado num lugar à parte é um gesto eloqüente pois se o corpo tivesse sido roubado, certamente tudo estaria em desordem, uma bagunça geral. Mas, não! O lençol está dobrado e as faixas de linho deitadas no chão. Gesto simples, simbólico, mas altamente significativo! (Jo 20, 3-7).



A páscoa do Senhor, sua passagem da morte para a ressurreição é sugestiva e indicativa: deve gerar no cristão, opções que o levem à vida ressuscitada. Para tanto, é preciso esforço. Diz o apóstolo, em tom imperativo: “esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3, 1-2). As coisas do alto são propriamente marcadas por uma vida nova, na santidade, na união íntima e perseverante com Jesus Nosso Senhor, na meditação assídua de sua Palavra, na oração incessante, na vivência corajosa e profética das bem-aventuranças. Aspirar as coisas celestes significa viver o natural, de modo sobrenatural. Ter presente que a verdadeira realização consiste em assumir, assimilar a vida do céu, não a vida nos conformes da carne, das conveniências humanas, dos interesses egoístas. Portanto, é fundamental morrer e que a nossa vida esteja escondida com Cristo em Deus (cf. Cl 3, 3). Haverá vida mais feliz que essa? Nada de melhor haveremos de querer, aspirar ou viver!


Sim, “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados” (At 10, 43). Crer: eis a meta. Crer, isto é, cultivar a fé, viver de fé, aderir total e incondicionalmente a quem se revela e nos faz participantes da sua vida. Crer para receber o perdão dos pecados. Haverá dom mais precioso, junto ao ser amado quanto ao ser perdoado? Deste perdão somos dependentes, deste perdão somos devedores, neste perdão viveremos e sem ele pereceremos miseravelmente em nossas iniqüidades e transgressões! Um perdão que nos habilite e anime a um movimento de subida, de superação, de crescimento e amadurecimento constantes tendo a vontade de Deus por meta e ponto de chegada!

São Bento, abade que viveu no século VI, ensina algo de bastante essencial:

Nada, absolutamente nada, anteponham a Cristo, o qual se digne levar-nos todos juntos, à vida eterna. (...). Tu, pois, quem quer que sejas, que te apressas no caminho para a pátria celeste, com a proteção de Deus, chegaras!

Um abraço para você, Filoteu, chamado à vida ressuscitada e mais uma vez, Feliz Páscoa!

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