Hoje celebramos São José. Dia 19 de março é uma data preciosa. Esse pobre carpinteiro, feito por Deus guardião de sua casa, se apresenta como um exemplo fabuloso, maravilhoso de tantas virtudes. O que mais me impressiona neste homem de Deus é, além de sua fé de proporções abraãmicas, sua humildade e sua generosidade em responder de forma positiva e operante aos apelos e indicações divinas.Impressionante! E, a Ele, o Pai do Céu confiou o governo de sua casa. Uma casa pobre, claro (Deus tem mania de pobreza! Pooodde? Pode! Ele não pensa como os homens e mulheres pensam!). Qual casa? Ora, a casa de Nazaré, a pequena cidade que nem gozava de boa fama por ser um lugarejo insignificante e perdido no mapa. Mas, foi lá que o Verbo eterno feito gente cresceu!!! Nazaré, casa do operário e da dona de casa, casa do menino que aprendeu o ofício de carpinteiro (que naquela época era também pedreiro, numa palavra, um operário).
A caminhada desse homem foi cheia de fé. Sem dúvida, cheia de fé. Deus parecia desconcertante com José, pois os caminhos do Filho de Deus, já desde sua infância se apresentava cheio de mistérios. Um desses mistérios foi sem dúvida as perseguições de Herodes e a pobreza que insistentemente o Pai do Céu queria e insistia que seu eterno Filho, chamado filho do carpinteiro, vivesse. José foi um homem de fé. Ele creu, isto é, ele acreditou. Confiou em Deus e ao Todo Poderoso confiou sua vida e colaborou da melhor forma que pode. A impressionante humildade desse santo patriarca se caracterizou sobretudo pelo seu escondimento. Sim, escondimento. Não aparece! Não existem registros que ele tenha dito alguma coisa. Mas, Deus via o seu José! Via aquele homem que viveu segundo o seu coração. Um sinal e um exemplo pra nós, Filoteu, já que tem uma tendência na humanidade ao estrelismo, ao exibicionismo, ao buscar reconhecimento, a se magoar demais com a ingratidão. No fundo, falta aquilo que em José havia de sobra: LIBERDADE INTERIOR! O tesouro dos tesouros.
Olha, Filoteu, São José foi um homem de fé! Com certeza. Por isso, diz João Paulo II na encíclica "Redemptoris Custos" sobre a figura e sobre a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja:
"Se Isabel disse da mãe do Redentor: 'Bem-aventurada aquela que acreditou', se pode em certo sentido referir essa bem-aventurança também a José, porque responde afirmativamente à palavra de Deus, quando lhe foi transmitida naquele momento decisivo. Na verdade, José não responde ao 'anúncio' do anjo como Maria, mas 'fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e a recebeu como esposa'. Isso que ele fez é puríssima 'obediência da fé' (cf. Rm 1, 5; 16, 26; 2Cor 10, 5-6)" (Redemptor Custus, n. 4).
Foi sob os cuidados deste santo homem, a quem Jesus se submeteu, que o Verbo eterno de Deus, isto é, Jesus Cristo, crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. José foi um alguém que ajudou nesse crescimento. Sabe Filoteu, oferecer elementos e meios para que a vida de Cristo cresça em nós é fundamental para que sejamos cristãos. Penso eu que, com certeza, se nos confiarmos a José, esse homem justo que tão intimamente conviveu com o Divino Salvador, seremos particularmente ajudados para que esse mesmo Jesus cresça em nós e faça de nós seus amigos e servidores. Acho estratégico pedir a José sua intercessão e patrocínio para podermos, como seus filhos, assumirmos os traços daquele menino, adolescente e jovem que o senhor da casa de Nazaré viu crescer. Que tal? Acho que o santo ficará bem satisfeito com isso.
Tem um outro ponto que gostaria de partilhar contigo, Filoteu. Se São José foi um alguém que partilhou de um familiar convívio com Nosso Senhor e se Jesus o respeitou e obedeceu, tal respeito e tal reverência continua a dar-lhe no céu. Por isso, tenho certeza que o humilde carpinteiro de Nazaré é grande intercessor junto de seu tão querido filho adotivo. Grande, sem dúvida, é o prestígio desse santo junto a Deus. Santa Teresa, uma grande devota deste santo, dá um belo testemunho do poder de intercessão deste glorioso patriarca:
"Assim, tomei por advogado e senhor, o glorioso São José, encomendando-me muito a ele. Vi com clareza que esse pai e senhor meu me salvou, fazendo mais do que eu podia pedir, tanto dessa necessidade como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma. Não me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito. Espantam-me muito os grande favores que Deus me concedeu através desse bem-aventurado Santo e os perigos, tanto do corpo como da alma de que me livrou. Se a outros santos o Senhor parece ter concedido a graça de socorrer numa determinada necessidade, a esse Santo glorioso, a minha experiência mostra que Deus permite socorrer em todas, querendo dar a entender, que São José por ter-Lhe sido submisso na terra, na qualidade de pai adotivo, tem no céu todos os pedidos atendidos" (Livro da Vida, cap. 6, n. 6).
Por fim, o fato de ter morrido nos braços de Maria e de Jesus, a tradição o considera patrono da boa morte. Aqui, não há o que fundamentar muito. É evidente que os que, como José vivem essa fidelidade em fazer a vontade de Deus, haverão de ser muito felizes, nessa e na outra vida. É caminho seguro esse que o José de Jesus e de Maria nos oferece para sermos pessoas autenticamente felizes.
Um abraço para ti, Filoteu e que São José reze por nós todos. Faço minha a prece de São Bernardino de Sena:
"Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém"