Bem-aventurados quer dizer felizes. Já vimos isso. Mas, felizes os que choram! Pode? Como se explica? Infelizmente, as pessoas entendem alegria somente como estar sempre rindo, viver altas satisfações, estar na crista da onda, onde não há dificuldades, onde as facilidades da vida parece que apagaram toda sombra de dor ou os desafios praticamente foram postos no bolso. No fundo, tudo isso é ilusão. O sofrimento bate a porta de todos, inclusive daqueles que tentam preencher seu desejo de felicidade com coisas passageiras. Tentam segurar, tentam prolongar, tentam agarrar, mas elas passam, sempre passam. Não são eternas!
Mas, existe uma consolação para os que choram: dada por Deus (nada mais, nada menos do que Ele: o todo Poderoso, o Eterno, o Santo); Serão consolados, promete o Senhor.não é consolação dada pelo dinheiro, nem pelos prazeres da comida, do sexo, do repouso, do conhecimento, do prestígio, da fama ou do poder.
Olha Filoteu, os que choram aqui definidos não são os desesperados, os desencantados com a vida, com os outros ou com os acontecimentos. Não é uma questão de sentir patologicamente um prazer meio doido pela dor (isso não é sadio). Os que choram e são felizes são aquelas pessoas inquietas, incomodadas e até sofridas com a situação do mundo que está longe de Deus, está se desumanizando, pelos sofrimentos dos outros, porque as coisas não são como deveriam ser. É certo que sempre haverá problemas ou as coisas não seguem o rumo correto. Mas, quem vive esta bem-aventurança não se acomoda, sabe viver a sadia inquietude que o leva a rezar, trabalhar, fazer alguma coisa para fazer a diferença e oferecer soluções. Deus consolará estes seus amigos, haja vista que os problemas do mundo, são os problemas de Deus e por consequência, são também dos que amam e servem a Deus. Não é desespero, não é desesperança, não é descontrole, não é uma questão de falta de confiança ou serenidade. Trata-se de sensibilidade, abertura, atenção, delicadeza, solidariedade, senso de responsabilidade. É uma questão de comunhão e participação. São Paulo nos ensina: "Alegrai-vos com aqueles que se alegram, e com os que choram, chorai" (Rm 12, 15). No fundo, quem chora, sabe com certeza que "as tribulações do tempo presente não têm comparação com a glória vindoura" (Rm 8, 18). Assim sendo, não se trata de um sofrimento inútil ou de uma inquietação estéril. Tudo isso, unido ao sofrimento de Cristo na cruz haverá de produzir muito fruto e gerar tanta salvação. É uma questão de fé!
Olha,se tu puderes dar uma olhadinha na postagem sobre São Francisco onde eu me refiro à perfeita alegria, ensinada pelo poverello, você terá uma idéia mais clara sobre o que é a perfeita alegria.
Um abraço e bênção do Padre.