"A solidez e a firmeza da verdade de Cristo se enche de doçura da doação de um Deus que é só Amor!”
(Pe Marcos Chagas)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

MEDITAÇÕES PASCAIS

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“Pois o faraó há de dizer acerca dos filhos de Israel: ‘Eis que erram pelo país; o deserto os encerrou’. E eu endurecerei o coração do Faraó e em todo o seu exército; e os egípcios saberão que eu sou Iahweh” (Ex 14, 4).
Nunca faltarão dificuldades em formas de tentações e tribulações. Aqui estão as provações, as provas que todos os que seguem o Senhor e trilham seus caminhos haverão de enfrentar. O apóstolo Paulo afirma que “todos os que querem viver piedosamente em Jesus Cristo sofrerão perseguição” (2Tm 3, 12). Nossas perseguições principais, com certeza dizem respeito a um combate espiritual que
“não é contra a carne e contra o sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade das regiões celestes” (Ef 6, 12).
Assim, o príncipe das trevas e seus colaboradores, com suas forças malignas, lançam contra os que creem seus dardos inflamados, perseguem de todo jeito os que desejam viver piedosamente. E Deus sabe o que permite. Sabe bem como por-nos à prova para verificar a nossa fidelidade e ao final dar-nos a coroa de vitória. Paulo faz o balanço final de sua vida bastante atribulada e com “zilhões” de perseguições. Não faz uma leitura resignada ou vitimista, nem mesmo se sente um herói. Sente-se um beneficiado por Deus.Rememora com gratidão as etapas de sua vida e viu o quanto foi possível crescer, amadurecer, cristificar-se. Não a toa ele sente-se um crucificado com Cristo e já não é ele quem vive, mas Cristo é quem vive nele (ver Gl 2, 19-20). Ao final da vida, compreendendo o martírio como o coroamento de todo um processo, o apóstolo dá seu testemunho:
“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4:6-8).
Somos encorajados por esta palavra e, passamos a entender que o faraó com o coração endurecido revela a sabedoria divina ao nos por nas situações a fim de que na prova nos conheçamos, sejamos sóbrios e vigilantes, pois o demônio como um leão a rugir está a nos rondar procurando quem devorar. É preciso pois, resistir-lhe firmes na fé (ver 1 Pdr 5, 8). Só será aprovado quem foi provado! Com certeza, esse faraó é imagem do inimigo da nossa liberdade e da nossa salvação. É ingenuidade profunda não admitir essa luta. Claro, sem pânico ou alarmismos, mas com serenidade, sempre em estado de vigilância, atenção, perseverança na oração, sempre progredindo no auto conhecimento e na prática das virtudes. Dizia o papa Paulo VI:
“O pecado dá, por seu lado, ocasião à intervenção ativa, em nós e no nosso mundo, de um agente obscuro e inimigo – o demônio. O mal não é só uma deficiência, mas também uma força ativa, é ação de um ser vivo espiritual, pervertido e perversor. Terrível, misteriosa e inquietante realidade!” Papa Paulo VI em 15/11/1972.
“Não havia sepulturas no Egito e, por isso, nos tiraste de lá para morrermos no deserto? Por que nos tiraste de lá para morrermos no deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito? Não é isto que te dizíamos no Egito, deixa-nos, para que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto” (Ex 14, 11s).
A murmuração diante das tribulações é uma expressão muito forte e muito feia de falta de fé. É esquecer que a obra de Deus permanece em meio a tantos desafios, em meio às tentações, tribulações de todos os tipos e modos. As pressões impostas pelo inimigo sempre pode deixar um pouco de apreensão, de desconcerto, de desconforto, de perplexidade. É necessário, tantas vezes, boa dose de coragem e determinação para vencer o desânimo que as situações geram. Mas, é preciso não perder de vista que o Senhor é quem nos introduz na liberdade e as palavras do servo de Deus, Moisés é realmente de uma força animadora:
“Não temais; permanecei firmes e vereis o que Iahweh fará hoje para vos salvar; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver. Iahweh combaterá por vós e vós ficareis tranquilos” (Ex 14, 13-14).
Que nos resta fazer, portanto? Atravessar o mar vermelho, passar pelo batismo de uma vida na casa da escravidão (casa das facilidades onde há carnes, melões, cebolas) para um itinerário de vida doada e consumida. Ora, isso exige sacrifício, renúncia e disposição. É preciso vigiar sempre, pois nos narra a Bíblia:
“A população que estava no meio de Israel foi atacada por um desejo desordenado; e mesmo os israelitas recomeçaram a gemer: “Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos, os melões, os alhos bravos, as cebolas e os alhos. Agora nossa alma está seca. “Não há mais nada e só vemos maná diante de nossos olhos.” (Nm 11, 4-6).
Um desejo desordenado pode obscurecer e desviar a inteligência; a vontade pode se deixar seduzir pelas paixões e gerar comportamentos desviados do plano de Deus. O caminho pascal, caminho de felicidade que Deus preparou em Cristo Jesus morto e ressuscitado, não é caminho de facilidades. É bom lembrar, é necessário insistir, repetir para nós mesmos, para os outros essa verdade. A liberdade não é possibilidade de escolher de tudo (acumular lixo, beber veneno, inalar entorpecentes, beber lama) ou seja não é livre quem escolhe o mal. Com certeza, faz uso de seu livre-arbítrio para escolher o que lhe é danoso e nocivo. Não temos Moisés, mas temos a própria Palavra eterna encarnada para nos conduzir para e nesse caminho de liberdade. Com a cruz em punho, o Senhor ressuscitado nos faz passar pelas águas do batismo a uma vida nova, configurada a ele. Na caminhada dura e penosa da vida presente, de peregrinos no deserto Ele nos alimenta com o novo maná, o pão do céu, seu corpo e sangue, alma e divindade no SS. Sacramento. Assim, prosseguiremos, sem perder de vista a riqueza imensa que está por trás de tanta felicidade e de tanta realização em Deus. Todo esse peregrinar terá como ponto de chegada a terra prometida, onde não haverá mais maná, pois se comerá dos frutos da terra, não haverá mais Eucaristia, mas teremos a visão do rosto de Deus tal como Ele é.
“Naquele dia, Iahweh salvou Israel das mãos dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos à beira-mar. Israel viu o grande poder que Iahweh havia mostrado contra eles. E o povo temeu Iahweh, e creram em Iahweh e em Moisés, seu servo” (Ex 14, 30).
Feliz é quem se deixa conduzir pelo Senhor e se coloca sob sua divina proteção. É como diz o Salmo 90, 1-11:
“Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, dize ao Senhor: Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio. É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa.Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção. Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia,nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido. Porém verás com teus próprios olhos, contemplarás o castigo dos pecadores, porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo.Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará à tua tenda, porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos”. Os egípcios, como nos narra a Bíblia, fugiram da presença dos israelitas quando viram o poder de Deus agindo em suas vidas: “Fujamos da presença de Israel, porque Iahweh combate a favor deles contra os egípcios” (Ex 14, 26).
Ora, tal vitória de Israel é na verdade a vitória de Iahweh. Por isso, nós também, peregrinos e caminheiros, teremos fé no Pai misericordioso e santo e em seu Filho eterno Jesus Cristo, seu servo amado, bem como no Espírito de Amor que deles procede. Somos enriquecidos grandemente por tão grande dom, o da vitória. E isso, nos leva a louvar e a proclamar que o Senhor é nossa força e nosso canto e a ele se deveu a nossa salvação. Ele é nosso Deus e o glorificamos, nosso pai e o exaltamos. O Deus guerreiro, Aquele que é, eis o seu santo Nome (Ex 15, 2-3). O louvor, eis nossa arma, eis o reconhecimento que a batalha é dele e devemos nos portar naquela postura de homens e mulheres de fé. Uma fé viva, autêntica, operosa, mas que sabe esperar e deixar Deus agir, Deus vencer, Deus ser Deus. Claro, ele sempre será Deus e isso não depende de nós! Porém, assumir tal soberania e supremacia e usar nossa liberdade para deixar-se conduzir por Ele, é algo que nos toca, nos cabe.
“Quem é igual a ti, ó Iahweh, entre os fortes? Quem é igual a ti, ilustre em santidade? Terrível nas façanhas, hábil em maravilhas?” (Ex 15, 17).
Sim, este Deus levou em seu amor este povo por ele redimido, por seu Filho Jesus e nos guiou com poder para a morada por ele consagrada” (cf. Ex 15, 13). Que nos resta fazer senão deixar-nos guiar pela luz do nosso Deus? Que nos resta então senão assumir a graça e a honra de sermos seus colaboradores, mesmo indignos e frágeis? Este Deus nos conduzirá à sua montanha e nela seremos plantados. Eis o lugar onde Ele reside, o santuário por Sua Majestade preparado. “Iahweh reinará para sempre e eternamente” (Ex 15, 18). E nesse reino queremos viver como peregrinos no tempo, iluminados pela nossa fé. Nesse reino queremos vencer para sempre na bem-aventurança eterna. A Ele louvor e glória para sempre e nos séculos dos séculos amém.

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