"Que haverá, pergunto então, de mais admirável do que a beleza divina? Que coisa pode haver de mais suave e deliciosa do que a meditação da magnificência de Deus? Que desejo será mais veemente e violento do que aquele inserido por Deus na alma liberta de toda impureza e que lhe faz dizer do fundo do coração: Estou ferida de amor? É na verdade totalmente indescritível o fulgor da beleza de Deus" (São Basílio, o grande, bispo do IV século)
Que vem a ser a beleza? Dizia Platão, o filósofo grego que "a beleza é o esplendor da verdade". Sendo Deus infinitamente verdadeiro e a própria verdade, então ele é belo ao infinito. Uma beleza que atrai o coração e fortalece a vontade em buscá-lo insistentemente. As fraquezas e vacilos serão superados por esta retomada constante da beleza divina, do seu brilho que é muito diferente das aparências e encantos passageiros da estética e dos encantos de um corpo sadio, belo e juvenil. Sem desmerecer os valores do cuidado razoável e equilibrado com a aparência, da saúde e do bem estar (sempre numa medida justa) deve prevalecer o que é estável, o que responde aos anseios de felicidade e de realização plena que existe no coração humano.
É preciso pensar um ponto importante: para que se chegue a esse fascínio e apaixonamento pela beleza divina é imprescindível purificar-se. Sim, é preciso rever e apeifeiçoar motivações tirando todo egoísmo que impede de sair de si para viver as exigências libertadoras do amor. E Deus é amor, Deus é êxodo incessante de si. Viver na acolhida desse amor incessante é sempre desafiante e levará o enamorado de sua beleza a se superar constantemente. É preciso que se entenda o seguinte: longe de permanecer somente nos sentimentos e emoções, o fascínio pela beleza divina é uma decisão. Uma escolha por amar, um acolher os desvarios divinos em dar-se, servir, ser sinal de vida e de luz. É ser a vela que enquanto ilumina se consome. Não confunda o apaixonar-se por Deus com sentir emoções, arripios ou cair no choro. Tudo isso é muito bom, mas não é decisivo, nem determinante.
Purificar-se! Limpar sempre o copo do coração para não deixar sujeira ou impurezas. Um trabalho que durará toda uma vida, exigirá decisão em caminhar para a maior das liberdades: livrar-se de si mesmo para acolher-se a si mesmo no devido lugar e assumindo o próprio papel nesta acolhida do dom.
Boa contemplação e bom desejo da beleza divina!