sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A espiritualidade do Antigo Testamento: uma vida na aliança com Deus
Oi Filoteu!
Tenho um papo sério para fazer acontecer hoje. A espiritualidade do Antigo Testamento, ou seja, a vida segundo o Espírito que o pessoal da antiga aliança viveu. Deixo esse pensamento abaixo.
No horizonte e dentro de todas as experiências humanas e suas expressões, há um alguém a nos questionar e chamar: Deus. O homem bíblico, seja olhando para sua história, seja que se ponha na postura de tantas interrogações diante da retidão ou injustiça da vida, seja interrogando sobre o sentido das coisas, da sua dor, do seu destino, esse homem depara-se com uma realidade: Deus. Um Deus que liberta e dá ao homem uma identidade, que lhe oferece possibilidade de vida e traça uma estrada no futuro entregue às suas mãos, que pede conta da liberdade e da responsabilidade mal empregadas, que submete à prova para reconduzi-lo à intimidade de antes, que o homem reencontra no fim do túnel de todas as suas reflexões para permitir-lhe superar os limites do seu pensar e de dar “respostas” aos seus inúmeros “por quês?” no oceano ilimitado do seu amor que tudo compreende e tudo “explica”. Esta é a lição fundamental da espiritualidade bíblica, a centralidade de Deus como inteligência e cumprimento de qualquer outra realidade que é ela mesma central em todo o discurso bíblico: o homem. Deus e homem: uma dupla que se compreende por si só e se afirma também por si só, a partir da recíproca entendida como rejeição ou comunhão. Parece um absurdo, mas é a verdade: não se faria um discurso sobre Deus se não fosse o homem a fazê-lo e, portanto para a Bíblia não se poderia fazer algum discurso sobre o homem sem ter Deus como ponto de partida. As duas realidades permanecem ou saem juntas. Toda vez que Deus sai do horizonte do homem, é acionada no homem toda espécie de idolatria ou das falsas imagens de Deus – que são as fajutas auto-sublimações do homem – esse mesmo homem se precipita na falta de sentido da existência e é tentado ao suicídio. Todas as sociedades “sem Deus” estão destinadas à extinção. Todas as culturas ateias, frequentemente, são culturas de morte. A nossa história “laical” nos dá provas irrefutáveis. A outra grande lição da espiritualidade bíblica está no fato que Deus não está à reboque da busca humana pois Ele é que toma a iniciativa de revelar-se a si mesmo. As formas de auto-revelação divina são múltiplas: experiência mística e intuição humana podem muito bem estar de acordo, mas uma coisa é certa: Deus se faz encontrar no encontro com o homem. A sua “palavra” chega ao destino! “não é demais alta, nem distante. Não está no céu... não está além do mar... a palavra é próxima, muito próxima de ti, está na tua boca, e no teu coração” (Dt 30, 11-14).
O Deus bíblico é um Deus cotidiano: está dentro da tua grande e pequena história, nas tuas dores, escutando o teu grito, a trama dos teus pensamentos; Dalí ele te fala, te faz sentir a sua solidariedade e proximidade, te interpela, te prova, te ajuda, te escuta e te atende. Basta sabê-lo e querê-lo “escutar”. A espiritualidade bíblica exige a comunhão. O Deus bíblico não se revela nunca ao indivíduo para introduzi-lo somente na sua intimidade. A Palavra de Deus não é um privilégio, mas uma missão tendo como destino a comunidade. Abraão, Moisés, os profetas, os reis não são chamados com o critério da meritocracia, mas da diaconia. São “servos” e servo é um título de honra na linguagem bíblica. Como servos devem dar origem ou conduzir ou fazer crescer a comunidade, onde a cada homem é dada a possibilidade de sentir-se irmão e engajar-se pela justiça e pela fraternidade.
Um abraço e bênção.
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