"A solidez e a firmeza da verdade de Cristo se enche de doçura da doação de um Deus que é só Amor!”
(Pe Marcos Chagas)

sábado, 27 de agosto de 2011

As virgens prudentes e imprudentes têm um recado para você!

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Olá Filoteu!
Hoje, te proponho antes ler esta passagem do Evangelho para uma séria reflexão sobre uma parábola da Bíblia. Trata-se da parábola das virgens. A passagem bíblica está em Mt 25, 1-13.
Mateus 25:1-13

“ENTÃO o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. 3 As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 4 Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. 7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. 8 E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. 10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. 12 E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 13Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.”


Então! Pelo visto, estamos diante de um simbolismo interessante. Envolve o ritual de casamento dos judeus. A noiva vinha ao encontro do noivo e entrando em casa, passavam a viver como esposos. Assim também, Jesus compara o Reino de Deus a uma festa de casamento. Sim, o matrimônio é um sacramento precioso, importante. De fato, ele nos fala de união de vidas (não só de corpos). E aplicada à união com Deus, esse compromisso tende a ser profundo, radical, incondicional, total e..., eterno!!!!. Só que, na parábola, todas são virgens. Por mais que se faça muita chacota dessa palavra e da vivência dessa palavra, mesmo se parece uma realidade desbotada e ultrapassada, a virgindade tem seu valor enorme aos olhos de Deus, por mais que para a sociedade seja coisa de gente frustrada. Não falo apenas da virgindade física, que continua tendo o seu valor, em termos de preservar-se para o projeto de Deus (seja ele qual for: matrimônio ou celibato pelo Reino e até mesmo na vida de pessoas solteiras). De fato, falamos de inteireza de pertença. Falamos de um coração indiviso. Claro, desde os tempos dos primeiros cristãos, algumas moças abraçavam a virgindade para viver uma pertença um tanto particular ao Senhor Jesus. Mas, creio que podemos alargar o conceito e pensar em todas as pessoas que professam a fé e são fiéis a Deus. Os casais que vivem bem seu matrimônio na vontade de Deus vivem essa espécie de “virgindade”. Uma boa psicologia ensina que quando somos totalmente focados, quando alguém é todo inteiro em alguma coisa, sem divisões ou dispersão de suas capacidades, potencialidades e melhores energias, realiza mais, vive melhor e plenamente. Hoje, as pessoas são muito divididas, fragmentadas com tantas coisas, com tantas pessoas, com tantas atrações, com tantas atividades e ocupações. Não que as pessoas atrapalhem, nem as coisas ou os acontecimentos seja empecilho para ser todo de Deus. Mas, relacionar-se com todas estas realidades sem perder o foco, sem dispersar-se é um combustível formidável que nos faz correr e voar.



Bem, voltemos às virgens. Elas são dez. Que significa o número dez? Completude da responsabilidade humana. Por isso, dez são os dedos das mãos e dos pés. Os mandamentos dados a Moisés são dez. Dez são os batizados de todos os tempos. A Lâmpada significa o espírito do homem (veja Provérbios 20, 27). As lâmpadas podem representar um espírito recriado, através das virtudes teologais da fé, esperança e caridade. Só que as tais virgens são diferentes, por lidarem de forma diferente com a lâmpada que levam consigo. Umas são prudentes e outras imprudentes. O que é a prudência? É a virtude do governo, a virtude das decisões, saber decidir. Quando falo de governo refiro-me, em primeiro lugar do governo de si mesmo, do governar-se. Quando é que a pessoa não se governa? Quando ela vive a reboque dos acontecimentos, só vai pela cabeça dos outros (o famoso fulano-piolho), escravo e teleguiado pelos próprios sentimentos e afetos (controlado por sua raiva, por seus impulsos sexuais, por sua preguiça, por sua gula, por seus medos, etc). Então, “o prudente é aquele que discerne seus passos” (Pr 14, 15). No grego, a palavra Krinei significa a mulher que cata arroz. Sabe separar o bom do mau, o que presta e o que não presta. E aí?
Temos as virgens prudentes e as imprudentes. Qual o critério para distinguir umas das outras? O azeite a mais para deixar as lâmpadas acesas. A lâmpada, a meu ver, é símbolo da esperança, o azeite é símbolo da caridade e a chama é símbolo da fé. A esperança, virtude de quem espera, de quem vigia pela chegada, de quem está de prontidão é a que recolhe a caridade, combustível da vida cristã. O fogo é aceso pelo dom do Espírito Santo. Além disso, é desse combustível que a fé se alimenta para iluminar os caminhos e, sobretudo para permitir enxergar o rosto do Esposo quando ele continuamente aparecer. E quando aparecer de uma vez para sempre, não perder a oportunidade de viver esse encontro decisivo rumo ao definitivo.
Talvez se pensasse algo intrigante e meio esquisito? Por que será que as virgens prudentes não partilharam de seu azeite com as imprudentes? Não seria um ato egoísta da parte delas recusar a partilha? Aí está um ponto importante: Não basta para mais de uma o azeite que se traz na reserva! Tem coisas que só nós podemos ter e fazer. O bem que cada um faz é o bem que cada um faz! Algumas coisas como respirar, dormir, comer, beber, defecar e urinar, isso os outros não podem fazer em nosso lugar. Acho que é o caso dessas virgens. Cada uma deveria estar preparada de uma forma muito responsável, de modo muito pessoal. O encontro e a vivência com o Esposo é bastante personalizado. Não dá para delegar.




Por isso, essa parábola é um aviso, um apelo, um grito, uma profecia. Os véus da eternidade se abrem e os homens e mulheres que receberam o batismo são chamados a assumir a própria esponsalidade com o Senhor Jesus Cristo e preparar-se para as núpcias eternas do Paraíso. Não dá para perder tempo, perder os prazos, negligenciar e ficar de bobeira como se esse encontro não exigisse uma capacidade de resposta, uma resposta que não deve faltar. Cabe uma reflexão séria: “Senhor abre-nos” (v.11). É o que pedem as atrasadas, as virgens que perderam a hora e para ela as portas da eternidade feliz se fecharam para sempre. Escutaram como resposta: “[...] não vos conheço” (v. 12). Que significa “não vos conheço”? Vocês não fazem parte da minha vida, por não viverem comigo, em união comigo, descuidaram no cumprimento da minha vontade. São virgens (podem até ocupar altos cargos na Igreja e estar ligados às coisas da Igreja), mas sem a fidelidade não há combustível e por isso, não há chama e sem chama não se pode ver o Esposo que chega. E sem o Esposo, claro, não tem festa de casamento. Não são nossas habilidades nem nossos cargos ou funções quem nos definem, mas nossas escolhas. E quando nossas escolhas são expressão de obediência e fidelidade a Deus, então sim, o Reino de Deus, a festa de casamento acontece. O que interessa não ser um sucesso, mas ser fiel. A eficiência e habilidade geram eficiência e a eficiência produz resultados. Isso é bom, mas não basta. É essencial que haja fidelidade, pois a fidelidade, só ela, gera fecundidade.
E aí? O que fazer? Ficar com medo? De jeito nenhum! Jesus não conta essas histórias (as parábolas do Reino) para assustar ou ameaçar ninguém. Ele nos põe diante de nossas responsabilidades. Não basta ao cristão ser livre, sem ser responsável. O Mestre Divino só quer acordar quem está dormindo, cutucar quem está distraído, convocar e mobilizar quem está por aí, largadão, jogado na preguiça, afastado de Deus e dos bens eternos. Vigiar significa assumir as próprias responsabilidades em fazer o bem, um bem efetivo, afetivo que nos unirá a Deus para sempre e já, aqui na terra, nos fará vive a vida do Céu, a vida de almas esposas, apegadas aos interesses do Celeste Esposo.

Tem tanta gente que troca os bens eternos por bens passageiros, que levam a alegrias momentâneas. Tem gente que se acostumou com a escuridão e nem sabe onde deixou sua lâmpada e alguns quebraram a lâmpada. Não estou aqui julgando ninguém. Constato com tristeza esse fato, essa realidade! Rezemos, rezemos e pela evangelização, pelo testemunho de vida ajudemos as pessoas a retomarem suas lâmpadas e ajudemos essas pessoas a cultivar o bem azeite, fabricá-lo pela oração, pelo serviço, os olivais onde se fabricam o azeite da caridade! Não sei, acho que não podemos nos acomodar.
Olha Filoteu, neste mundo onde tanta coisa nos distrai de Deus e tenta nos roubar da felicidade verdadeira que não tem fim, essa parábola soa como um convite irrenunciável. Deus pegou seu megafone e “colocou a boca no trombone”. Tomara que não sejamos surdos ou nos façamos de surdos, o que é pior! Somos chamados a ir ao encontro do Esposo com lâmpadas acesas e o seu combustível de reserva. O nome dessa atitude é perseverança.
Recordo algo que Dom Helder Câmara afirmou: “É graça divina começar bem, é graça maior ainda permanecer na estrada certa, mas a graça das graças é não desistir nunca”.

Seja-nos dada essa graça! Um abraço e bênção do Padre.

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