"A solidez e a firmeza da verdade de Cristo se enche de doçura da doação de um Deus que é só Amor!”
(Pe Marcos Chagas)

sábado, 11 de junho de 2011

Em linguas de fogo! Fogo da Caridade de Deus!

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Oi FIloteu,

Festona hoje! Isso mesmo, estamos celebrando a descida do Espírito Santo sobre

os apóstolos e presidindo aquele grande encontro, claro, Maria, a Mãe de Jesus. Ora, estavam eles reunidos. Com certeza também unidos. Sabes que podemos estar reunidos, mas isso não significa que exista entre as pessoas união e comunhão. Pois bem, é bom lembrar disso!!! E o Espírito Santo é o perito em construir comunhão e unidade. Ele que faz a união entre o Pai e o Filho, acho que se nos abrirmos a Ele, tal união acontecerá conosco também.
Conta-nos nos Atos (At 2,1-11) que uma forte ventania foi a marca da presença operante do Paráclito. Observação: Paráclito é uma palavra grega para indicar o advogado, o defensor, contrário do espírito das trevas que é o acusador. Haja ventania para expulsar o acusador! Santo Irineu de Lion (bispo que viveu no II século) nos fala da necessidade de termos um defensor onde temos um acusador. No Evangelho de São João, Jesus soprou sobre os discípulos e lhes comunicou o seu Espírito (Jo 20, 22-23). Soprou e comunicou o Espírito Santo. Um pentescostes discreto, esse de João, mas de grande importância. Assim como Deus soprou sobre Adão e ele tornou-se um ser vivente (ver Gn 2, 7), o Filho de Deus, que é Deus com o Pai, comunica o Espírito Santo aos apóstolos. Dá-lhes a vida da Trindade: nada menos que o Dom total. Caramba! Haja felicidade com esse DOM tão maravilhoso!!!!!! Bem, soprar e a ventania são realidades que envolvem o vento, o ar. O Espírito Santo sempre foi identificado com esse vento, esse oxigênio da Igreja, da alma do cristão. E como sem ar a gente bate as botas, dá pra entender que sem esse Espírito não dá para viver.
Olha Filoteu, a vinda da terceira Pessoa da Trindade, como nos narra Lucas
aconteceu debaixo de uma ventania forte. Essa expressão lembra as teofanias, ou seja, as manifestações de Deus, lá no Antigo Testamento. Para dar a lei a seu bom servo Moisés, Adonai escreveu com seus dedos em tábuas as dez palavras (em grego - decálogo) que são os dez mandamentos. Era uma festa agrícola, lá no tempo das

antas e depois passou a ser a festa em que o povo celebrava esse grande evento da Lei (a Torá). Imagine se nós não temos mais é que comemorar hoje: Não temos mais Moisés dando a lei, mas o Senhor Jesus ressuscitado dando-nos o seu Espírito. O Joãozinho arrasa quando lá no seu Evangelho ele diz: "Porque a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (Jo 1, 17). Não temos mais essa lei inscrita em tábuas de pedra, mas em nossos corações. Paulo, o apóstolo, com muita propriedade nos diz: "Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. ... Onde a lei moral foi proferida por Deus, escrita pelo dedo Deus em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3)
Então, apareceram línguas de fogo: sugestivo simbolismo! Língua é o órgão do corpo com o qual a gente mais se comunica, pois a comunicação verbal é bastante usada. E a língua é de fogo, ou seja, cheia da caridade de Deus, cheia do calor de Deus que faz com que a comunicação entre as pessoas seja profundamente marcada pela caridade. O espírito surdo-mudo que Jesus expulsou daquele jovem que caiu por terra como morto (Mc 9, 25) é sempre um alerta sobre o quanto a falta de comunicação entre as pessoas que interrompe a comunhão é algo terrível, mortal. O Deus uno e trino é comunhão, é comunicação plena. Por isso, é por esse Espírito de Deus que viveremos essa unidade na diversidade. Diferentos e distintos uns dos outros somos chamados a compor a grande família dos filhos de Deus. A diversidade, no poder e sob a condução do Espírito, é riqueza e nunca uma ameaça. A diversidade é o motor da unidade. Diz Paulo: "Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor" (1Cor 12, 3b). Note-se que estamos diante de uma comunicação que não se reduz a comunicados ou coisas vagas, mas em uma partilha divina, em doação generosa. Como Deus faz ao se revelar, doando-se por inteiro.
Todos começararm a falar novas linguas. Um dom do Espírito para o louvor, para
a comunicação misteriosa e sublime de Deus, uma expressão de seu poder que deixa aquela gente bêbada, inebriada do amor divino e entregue à sua graça e ao poder comunicador de Deus. A quem se dirige toda aquela comunicação, sob efeito gostoso e poderoso do Sopro de Deus vivente? A todos os povos então conhecidos, citados amplamente por Lucas: "pardos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos" (At 2, 9-10). E hoje? Bem, não dá para citar todas as nações (a lista é grande demais e o tempo é limitado!). Mas, deu pra entener? Todas as nações, todos os povos, gente de todas as línguas são chamados a fazer essa experiência do Espírito. Na força da ação poderosa do Divino Espírito Santo, a Igreja, isto é, os cristãos, são chamados a ser testemunhas dessas grandes verdades que Cristo Jesus Senhor nos confiou.
Sabe, Filoteu, tenho mais uma coisa a dizer: São Lucas, nos Atos dos Apóstolos fala de Pentescostes como o lugar da comunicação que gera entendimento entre as pessoas, comunhão, união, capacidade de comunicar-se com liberdade e clareza. "Como é que nós os escutamos em nossa própria língua?" (At 2, 8). O objetivo foi

exatamente fazer um contraste com o evento da Torre de Babel (ver Gn 11, 1-9). Lá o orgulho em construir uma torre como um monumento à própria fama e à própria vaidade fez aqueles homens experimentarem o poder da mão de Deus a intervir sobre todos. E a intervenção divina foi exatamente a confusão das línguas e ninguém mais se entendia. Já Pentescostes não havia interesse em construir para si um monumento, mas viver a experiência maravilhosa do poder de Deus que faz as pessoas mais generosas e nem um pouco preocupadas com a própria fama ou em se afirmar. Pentescostes onde o Espírito do Ressuscitado é abundantemente derramado sobre os discípulos nos leva à experiência da gratuidade do amor, do doce inebriamento que gera um ardor indescritível e zelo fervente pela glória de Deus. Os interesses de Deus tomaram a dianteira e egoísmo deu lugar ao amor. Sabe Filoteu, Santo Agostinho em sua célebre obra "Cidade de Deus" afirmou com grande sabedoria, ao lembrar que a cidade de Deus se constrói quando esse egoísmo e exagerado amor por si mesmo é devidamente superado:
“Dois amores, pois, duas cidades, a saber; o amor próprio levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor de Deus levado ao desprezo de si próprio, a celestial. Gloria-se a primeira em si mesma e a segunda em Deus, porque aquela busca a glória dos homens e esta tem por máxima glória a Deus, testemunha de sua consciência”
Hoje é preciso perguntar: Vives a experiência de Pentecostes ou de Babel? Tuas escolhas falarão e responderão a essa pergunta tão importante!!!
Que o Espírito Santo te ilumine, se aproprie de ti e te faça um alguém assemelhado a Jesus.
Boa festa de Pentecostes para ti, caro Filoteu, o pneumatófilo e pneumatóforo.

PS: Essas palavras gregas são pra lá de sugestivas e comprometedoras:


PNEUMATÓFILO: amigo do Espírito
PNEUMATÓFORO: aquele que leva o Espírito, portador do Espírito.

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